O mundo de Gafa

Bien venidos ao MEU MUNDO! Se eu quiser, eu jogo fora, penduro no varal ou guardo debaixo da cama, porque é meu! Esse Blog não tem fins (nem princípios) Lucrativos (quer dizer, se quiserem me dar grana, estamos aí!), porém é de extrema pretensão, mesmo que infundada! O importante é exercitar o cérebro! Mesmo que seja pro mau... Mesmo que seja de forma errada... Mesmo que tenha de explodí-lo! Porque se escrevemos, é para que alguém em algum lugar, quando ler, sofra alguma reação!

sexta-feira, dezembro 29, 2006

Natureza da Mudança.

"EU não tenho noção do que EU tô fazendo!"
Uma criança, lá pelos seus 7 ou 8 anos.




Pra começo de conversa a mudança é algo biológico (Bio, lógico?). Está no código genético do ser humano. Não se muda por que se quer, e sim por que precisa, por que é impelido para tal. É como respirar. Acontece involuntário, sem se perceber. É reflexo, como piscar. É automático, como ouvir ou ver.
Porém (ah, porém), se tem a opção de frear isso. Trancar a natureza. É provisório esse freio, mas existe. Toda mudança vem com a opção de não fazê-la. Pra bem da verdade, a vida é um constante jogo de "sim" e "não". Mas é muito rápido e não se nota. Por isso dizer da mudança ser de nossa natureza (nossa né?). Constantemente mudamos e apenas quando nos damos conta de uma ou outra coisa é que freamos esse processo. Considerando que a evolução mutativa é constante, o unico que fazemos então, é dizer "não" a algum fator que nos seja apresentado.
Mas e o que nos faria parar um processo natural de nós mesmos? Percepção do medo, duvida, comodidade, preguiça... tem como citar diversos estados que seguram esse processo. Mudar gera mudanças (óbvio!). Cria mais perguntas de "sim e não", e após essas respondidas, gera mais perguntas ainda. E assim se vai seguindo. 50-50. "Talvez" não existe, é apenas uma impressão. O "talvez" nada mais é do que um "não" respondido às pressas, dando uma opção de "sim" a ser respondido no futuro (distante ou não) quando a pergunta for refeita.
Levando em conta então que a mudança é natural, se uma pessoa lhe acusa de ter "mudado" com ela em seu trato, sim, ela está correta. Pois se está mudando a todo instante. É como aquela paradinha que o carinha aquele (Ghandi) falou sobre o Rio (não de Janeiro e nem Grande do Sul ou Norte) nunca ser o mesmo. Porém também a pessoa está enganada, pois a pessoa não "mudou" assim, do nada, mas sim vem sofrendo um processo constante da mudança que é natural. E se mudar é estado natural, não é uma mudança. É paradoxal a bem da verdade.
Voltando a mudança... bem, como visto, mudar é necessário pro bem da auto-evolução de cada um. Mudar não é opcional. Opcional é, provisóriamente, frear essa constante mudança.
Outra coisa! Mudar não se escolhe, apenas se muda. Pode até se ter a impressão de que a mudança foi premeditada, proposital, intencional ou coisa que o valha. Engano. A mudança fervilha. Ela diz, inconciente e subconcientemente como agir. O que esperar, o que fazer, como fazer e por que fazer, é tudo controlado. Pode paracer impulsivo, mas é um impulso já previsto que apenas sobe à tona. Tá tudo lá dentro, programadinho, apenas esperando a oportunidade de se apresentar. Já temos todas possibilidades formuladas em nós mesmos, basta colher. Basta olhar pra dentro. Como falou um outro cidadão lá, sobre o "mundo das idéias" (Platão), onde tudo já foi visto e criado, apenas relembramos neste mundo.
Então, na verdade, tudo isso foi só pra dizer que, seja pra bem ou pra mal, não parem de mudar. Pois não mudar é Involuir. E EU queria tanto usar essa palavra e nem sabia como...

Tenham um Novo Ano repleto de mudanças, pois esse agora EU não aguênto mais. Parece que não acaba...



Humor: Impaciente.


Ouvindo: 2PAC - Changes

terça-feira, dezembro 19, 2006

A Morte, como ela é.

"A Vida é apenas o intermédio entre o nada e o coisa alguma."
Não sei de quem.



Arrombaram a porta do galpão. Ele já sabia pelo que esperar. O cheiro de coisa putrida somemte grifou o que já tinha certeza. Dois dos policiais locais sairam correndo pra fora para vomitar. Mas ele não podia fazer isso, era um Detetive, e detetives não fazem esse tipo de coisa. Foi descendo as escadas do velho galpão. Era uma espécie de celeiro, numa fazenda, distante do movimento da cidade (como é característico de uma fazenda, oras! Não precisa deduzir...).
As moscas infestavam o local. Seria certo chamar de "enxame" de moscas? Nunca foi bom com Coletivos mesmo. Não era isso que se cobrava em um concurso público. Legislação, sim, coletivos não. Droga, pensava ele, quando na escola, lia Agatha Christie, depois de uns 15 livros, achou que a profissão ideal para ele seria essa. Que tolice. Claro que a realidade não tem todo aquele glamour! A época não é a mesma, o clima não é o mesmo, o lugar não é o mesmo... Enfim, era ficção, devia ter percebido isso antes. Porém a ilusão o acompanhou até sair da escola e prestar esse tal concurso.
Terminou o lance de escadas. Mesmo não tendo nojo como seus "colegas" de serviço, tapou o nariz com um lenço que levava ao bolso. Não que tivesse nausea, mas o cheiro era muito forte. Penetrava pelas narinas, se esgueirava pelo estômago... Ele detestava encontrar cadáveres, mas alguém tinha de fazê-lo. Sabe, normalmente não havia nada de mais. O cara tava morto e pronto. Seja com tiro, pedrada, à pauladas, queimado... enfim, no fim e por fim, tudo a mesma coisa. Depois de um certo tempo, tu começa a ver como apenas mais um. Sempre mais um. Sempre alguém morre. Sempre alguém acha o cadáver. É o processo natural da vida. Morrer. Estranho mesmo seria ele achar um cadáver vivo.
Colocou suas luvas de borracha. Achava uma frescura, mas era do oficio. Sabe, não pode ter digitais e essa coisa toda... Fora a higiene. Acendeu uma lanterna. Odiava aquilo de "não toque em nada no local". Dava uma pomposidade desnecessária ao facto. Deveria se ter todo este cuidado prévio! Depois de morto, não precisa, o cara já morreu oras!
Enfim, começou a examinar o local... nada de novo. Velho, sujo, fedendo... E sem pistas. Sim, sem evidência alguma. Nunca era um assassino serial querendo dar mostras de seu "criação". Nunca era um plano elaborado pra incriminar alguém. Nunca era nada que usasse mais do que os instintos de assassino. Normalmente o assassino era um peão, chinelão, miserável, que queria apenas roubar algo mas não teve cabeça suficiente pra fazê-lo. Ou então, acabar com a raça do cara que engravidou a irmã solteira dele... coisas desse tipo. Nada de novo.
Mas e o cadáver? Onde meterem ele? Não deve estar no congelador, fedendo desse jeito. Achou o interruptor de luz e o acendeu. Nossa, que bagunça! É grande isso daqui... Talvez o dono fôsse produtor ilegal de bebidas... Garrafas espalhadas por todo lado. Achou o corpo. Não precisava dum legista (raça maldicta) pra dizer que esse daí tava morto pra mais de semana. estado de decomposição avançado. Droga, um dos braços já estava todo roído pelos vermes. O sangue já coagulado era uma poça seca abaixo dele. Tinha um rombo nas cortas. Ou o cara era contorcionista ou então não foi suicídio, pensou ele se rindo. era o que restava, fazer piada apenas. Olhou em volta a procura da arma do crime. Provável que não achasse alí. Talvez no açude do quintal.
Ficou triste por pensar que um dia acabaria assim, sendo comido por seres mais burros e menores que ele.
Diferente da TV, maior parte dos crimes são assim, sem graça alguma. Deveria ter tentado ser escritor ou jornalista, talvez sua realidade fôsse outra... Tirou as luvas e acendeu um cigarro. Fumou enquanto refletia sobre essa coisa de vida e morte e sobre o quão normal era isso tudo. E que um dia todos morrem e não tem a minima graça nisso. E que nenhum assassino tenta dar um toque de diversão à cena.
Joga o resto de seu cigarro no chão e o apaga pisando em cima. Olhando pro chão, vê, perto de onde jogou a guimba, uma outra igual a sua. Quase deixa escapar essa! Por pouco que não se esquece de que uma semana atrás alí estivera, matara um velho pelas costas sem nenhum motivo, fumara um cigarro e jogara a arma, sem digitais, no açude.
Bem, pensou consigo mesmo, acho que é caso encerrado...



Humor: Negro.


Ouvindo: Violent Femmes - To the Kill.