O mundo de Gafa

Bien venidos ao MEU MUNDO! Se eu quiser, eu jogo fora, penduro no varal ou guardo debaixo da cama, porque é meu! Esse Blog não tem fins (nem princípios) Lucrativos (quer dizer, se quiserem me dar grana, estamos aí!), porém é de extrema pretensão, mesmo que infundada! O importante é exercitar o cérebro! Mesmo que seja pro mau... Mesmo que seja de forma errada... Mesmo que tenha de explodí-lo! Porque se escrevemos, é para que alguém em algum lugar, quando ler, sofra alguma reação!

quinta-feira, outubro 19, 2006

Pierrôs, Arlequins... Colombinas e afins.

Enfim, um Arlequim, Pierrot, é sempre um Arlequim.
explicação de Arlequim à Pierrot, ao fim do primeiro ato.



Será? Será que um Arlequim sempre é um Arlequim?
E EU sou acusado de ser Pierrot. EU que sempre fui tão Arlequim...
Fui tão Arlequim? Engraçado, isso me pareceu tão distante, como se olhasse pra mim mesmo, de longe, e não conseguisse dizer se sou gordo ou magro, alto ou baixo, colorido ou preto-e-branco.
Será que todos vêem as mesmas cores? Será que somos o que achamos ser assim, de verdade? Será que para uns podemos ser Arlequins e para outros, Pierrot?
Bem, pensei agora, se EU fôsse um Pierrot, que melhor forma de não ser identificado me vestindo de Arlequim. Arlequim é tão mais radiante, faceiro, esperto... Talvez, no fundo, todo Pierrot queira ser um Arlequim.
E o contrário? Pode um Arlequim fantasiar-se de Pierrot? E porque o faria?
Oras, por que... porque um Pierrot é ser melancólico. Um palhaço triste. De que serveria um palhaço triste afinal?
E aí está o porém! Um Pierrot possui uma ternuta que nenhum Arlequim alcançaria. Um Pierrot sabe sonhar, sabe sentir, tem paixões.
Um Arlequim apenas aproveita. Agita, faz farra, mas, talvez, seja oco. Fora toda efusão, não passa de cores dançantes, sem nenhum nexo. Louco, talvez.
E o que você prefere? A Carne ou a Alma?
Tem como pereferir ambos? Ou optar por nenhum?
E ser Arlequim ou Pierrot, é algo que se escolhe? Não creio. Acho que uns nascem com vocação para Arlequim, e, mesmo não querendo ser, o é. O mesmo serve para um Pierrot. E talvez, sem notarem, sem querer, mudem de um pra outro, como quem muda de roupa.
Como quem muda de máscara.
Pensando bem, talvez sejamos os dois ao mesmo tempo. E apenas mudamos conforme a necessidade.
E dançamos conforme a música.
Ou deixamos de dançar.
E já não sabemos se somos Arlequins vestidos de Pierrot.
Ou se somos Pierrot e achamos ser Arlequim.
Ou somos Arlequins, vistos pelos outros como Pierrot.
Ou apenas um Pierrot tentando ser Arlequim.




E no final, ah, no final, uns enganam os outros, enganam a sí mesmos, tocando de fantasias. De Pierrot para Arlequim. De Arlequim para Pierrot.



E, no fundo, homens ou mulheres... somos todos Colombina.
Indecisos, e apenas isso.




Humor: Animado.


Ouvindo: Placebo - Pierrot the Clown.

segunda-feira, outubro 09, 2006

Em respeito a uma morte justa.

"A morte continua ainda sendo a maior das censuras."
Millôr, de novo, acho EU...



Mortinho da Silva.
Pronto, estava morto e já era. Sentou na Calçada e respirou fundo (o que é cômico pra um morto). Escorou a mão no queixo, na verdade, o queixo não mão.
E agora José? (não se chamava José, tampouco Silva, mas adorava essas citaçõezinhas.)
De que adiantou tudo?
Toda aquela rebeldia que tinha. Vontade de mudar o mundo. Inconformidade da vida.
O que virou ele? Nada.
Não entrou pra história, não ganhou nenhum prêmio e, sejamos honestos, nem se satisfez pessoalmente.
Esse pessoal que protesta e argumenta sobre a vida, analiza as pessoas, busca respostas... nunca se satisfazem. São como aqueles Deuzes (erro proposital!) dos Vulcões, sempre querendo mais e mais Virgens em seu sacrifício. E verdade seja dita, hoje em dia, Virgens, só criando em cativeiro...
Olhou, com um certo pezar, seu corpo alí estirado. Nem gloriosamente tinha morrido, ora bolas! Fora de combate. Não salvou nenhuma alma do inferno. Não acabou com a fome da África. Nem a do seu bairro, pra bem da verdade. Se sentia como uma Andorinha tentando provar pra todos que faria o verão. "Eles verão do que sou capaz!" (pensava ele com essa mania de Trocadames, que lhe acompanhou póstumamente, inclusive.)
Mas não foi dessa vez, meu caro. Estava alí, agora, morto e enterrado, como manda o figurino.
Pensou em como o destino é irônico para levar alguém que se preocupava tanto com os problemas dos outros. Talvez por isso, nem havia notado o seu... Às vezes um pouco de egoísmo cairia bem.
De que adiantou se cobrir de nobreza, buscar ser uma pessoa melhor e diferenciar-se dos outros. Ter um jeito próprio, ser exclusivo, não dançar conforme a música. No fim só se tem o fim. E um infinito tempo pra se pensar onde errou. Mas, se pensando bem, no fim, todo mundo errou. Por isso morreu. Porque alguém errou. Às vezes não somos nós que erramos, mas sim os outros. Mas daí já é tarde! Morreu, vai reclamar pra quem?! Vida é isso, meu irmão. É caminhar pra morte. Uns rápido, outros devagar... mas todo mundo na mesma direção, sem escape!
Ótimo! Economizou muito tempo de vida! Não bebia, não fumava, não pirateava CDzes e fazia sexo só quando necessário. Aliás, até estava parando de comer carne. Carne vermelha, claro... Tudo em prol de uma vida melhor.
Foi justo o que houve com ele? Merecia isso? Essa situação tinha algum culpado? Poderia pensar nisso por horas a fio. Achar centenas de milhares de respostas. Porém, estava morto. Não tinha como lutar e nem mudar algo.
Enfim, levantou da calçada. Sacudiu a poeira da roupa (outra coisa inutil a um defunto.) e foi-se pois tinha mais o que fazer. daria a volta por cima.
Virou uma Alma-Penada, se é que vocês acreditam nisso...


Humor: Radiante! Mas até quando?


Ouvindo: Supersuckers - Damn My Soul.