O Triste Fim de um Pseudo-Escritor...
“Negócio seguinte: o sonho acabou e, depois, não sobrou mais nada.”
Charles Bukowski, escritor.E é chegado o fim do espetáculo. Que, de espetacular, não tinha nada! Pão rápido. Caem as cortinas, caem as máscaras, caem as petecas, por fim, caem por terra todas as ilusões. E elas, cruelmente, indiferentemente, são enterradas em aterros aterradores. Melhor parar, começo a me sentir “Gessingueriano” por demais...
E falece assim, um Pseudo-Escritor. Morre um “algo” que nunca foi. Deixa de existir o que nunca, sequer, chegou a ser.
Desistiu. “Desexistiu”...
É chegado o fim e, com ele, a consciência de que nada mais é do jeito que era. Coisas mudaram. Novas situações, velhas lembranças, novos esquecimentos, velhas rotinas. Quem um dia puxava, hoje empurra, quem acompanhava, agora anda só. O que incentivava, desacredita. Tudo se separou, cada qual atende à suas necessidades e interesses. Porém, ninguém pode ser criticado, era a ordem natural dos factos. Cedo ou tarde, seria assim. E, até que foi tarde...
E, melhor desse jeito, aceitar o fim, que era algo inevitável. Continuar a embalar um feto natimorto, faz sentido? Por mais que se tenha carinho por ele, disso não passa... “E o que resta é apenas um Glamour Fim-de-Festa.” Já diria o Sr. João Luís Woerdenbag Filho. É como se todos já tivessem ido embora e, só aquele grupinho, uns seis ou meia dúzia (pra ilustrar que dá no mesmo), não desistindo, tentando “vã-mente” (ta certo isso?) manter a linha, prender o espírito, segurar o ritmo, iludindo-se como se nada ao redor tivesse se diluído quando, na verdade, o que resta é apenas aquela repulsa de quem já bebeu demais, mas entorna mais um gole por não querer parar, não poder parar, precisa, mas não o admite. E o enjôo dede quem vomita e volta a beber. Molha a boca, lava a cara, de nada adianta, mas não deve parar, não agora. E sobra aquele gosto amargo, de quem dormiu bêbado, acordou bêbado e viveu bêbada, hermética num topor criado por sua auto-suficiência, uma muralha de vidro temperado onde nada entra e nada sai e as formas são disformes, onde a realidade se condensa a uma simples má-impressão que já devia ter passado, mas, por birra, segue o presente e faz sombra o futuro.
E sinto que, com isso, começo a desaparecer. Penso em correr. Sempre se pensa em correr. Não se sabe do que, não importa pra onde, apenas correr até acabarem as forças e poder desabar sobre os próprios joelhos. Mas me faltam pernas para fazê-lo. E, por conta disso, vem um embrulho no estômago, mas não se sente, pois lá se foi meu tronco. E sinto um nó na garganta a me sufocar. Mas como posso tentar concertar isso se mãos me faltam? E, mesmo que as tivesse, já não tenho mais pescoço e, por conseguinte, garganta, menos ainda. Começo a me desesperar com o nada que me toma, mas agora é tarde...
Nunca fui de chorar, mas confesso que os olhos, que não tenho, se enchem d’água e, na minha ausência de rosto, furtivamente, escorre uma gota de tinta, querendo ser lágrima.
E, no auge da minha pieguice, exclamo, “mudamente”, um “That’s All Folks!”, almejando imortalizar-me no esquecimento alheio.
Humor: Diferenciado.
Ouvindo: Metallica - Nothing Else Matters
<< Home