Conto do Oeste Selvagem!

"Se já está no Inferno, porque não dar um abraço no Diabo?!"
Não sei de onde tirou, mas minha Mãe vive falando isso! E EU também!



NUNCA!

EU disse nunca jogue Pôquer num Saloon chamado Boca do Inferno quando você é um forasteiro recém chegado e os adversários fazem parte de uma quadrilha de assaltos à Banco, cujo refugio deles é neste mesmo Saloon...
Mas antes EU não sabia de tudo isso e achei que não seria mal ganhar alguns dolares fáceis pra minha hospedagem, afinal, sempre fui um bom jogador de pôquer... Sabia mentir e era isso que na hora conta!
Mas não nesse caso... Notei que estava me dando mal como nunca... Algo devia estar acontecendo... Tinha quase certeza que estava sendo roubado, mas e como diria isso sem "ferir" os sentimentos dos companheiros de jogo?!
Mesmo assim, continuei no jogo... Uma hora eles haveriam de se descuidar... Foi EU terminar de pensar nessa hipótese e o cidadão da minha frente, Jack "Rasteria de Cobra" Mills, achando que não estava de olho nele (não mencionei que sou Estrábico de nascensa, EU creio...), tira com uma rapidez inacreditável um Ás de Copas de dentro de sua boca... Sem me exaltar, mas já soltando a fivela do coldre da Salustiana (minha Colt "Dragão") por baixo da mesa, com uma das mãos, disse, em tom de deboche:
-- Que bela refeição tivestes Sr. Jack... estás a soltar gÁses (enfaze a partir do "A") à mesa...

Ele entendeu o recado e com os olhos vermelhos de cólera por ter sido descoberto, tentou se levantar a fim de esboçar uma reação... Mas não foi bem sucedido... Ao levar as mãos em direção ao Coldre, só pôde notar um novo orifício exalando fumaça onde, num passado não muito distante, era seu Umbigo... Nem pôde ouvir o Grito mais alto da minha Colt Dragão! Desviou suas mãos ao orifício e constatou que uma bala de Colt agora fazia parte de sua barriga, mas foi só isso que pôde constatar com o que lhe sobrava de conciência, pois já começava a cair inerte...
Em meio a surpresa dos outros dois adiversários, tomei mais uma boa golada da minha Salsa Parrilha e, inclinando a cadeira pra trás, chutei a mesa do jogo, fazendo voar cartas, dinheiro, bebidas e tudo que em cima estivesse, para ter uma melhor defesa, pois sabia que abririam os portões do Inferno com aquele tiro instintivo da minha belezoca... Minha cadeira, ao dar com o encosto ao chão, me propiciou uma fuga, rolando de costas e já ficando agachado, acertando um novo tiro, BANG!, desta vez acertando o joelho da perna esquerda do parceiro da direita, Montana "Bafo de Lagarto" Jones, não que ele tivesse reagido, mas bandido é bandido e de largada não fui com a cara dele! Ele também foi ao chão, gemendo e esbravejando a sua sorte...
O povo do Saloon (digo povo, mas na verdade eram todos da Quadrilha) começou a tomar posições de tiroteio, deitando mesas, atrás de pilares, balcões, escadas... EU que não sou tão estúpido quanto pareço (digo isso pois pareço muito estúpido), também decidi me refugiar, considerando que era EU contra todos, eles estavam em desvantagem... Levantei-me e dei um tiro na cara do terceiro parceiro de mesa, Piedro "Ai caramba" Javier, que fez seu sombreiro parecer um carrossel pela quantidade de giros no ar que deu... Girei sobre meus calcanhares e, acompanhado de uma chuva de balas, me joguei atrás do balcão do Bar, onde o Copeiro estava agachado, também! Só pude ouvir as garrafas se espatifando devido a saraivada de balas dos meus oponentes e os choramingos do copeiro, que falava sobre o disperdício das bebidas e das reformas que o Saloon ia precisar... Disse-lhe que a Salsa Parrilha dele era a pior coisa que á tinha tomado na minha triste vida e BANG, dei-lhe um tiro nas fuças pra acabar com o sofrimento... As balas não paravam... Quase não restavam mais garrafas inteiras! Estendi minha mão e peguei uma de Whisky Touro Sentado, o falsificado mais popular da região, e virei um gole! Sei que não era hora de beber, mas era só pra tirar o gosto ruim da boca! Ainda fiz um bochecho e cuspi numa ferida, aberta por uma bala de raspão... Vou acertar o cretino que fez isso! Tirei o gargalo da garrafa, encharquei meu lenço com a bebida e enfiei dentro da garrafa o pano... Não preciso explicar mais nada, não?! Com a ponta do meu cigarro (yeah, desde que nasci EU fumo! E antes de "encerrar" a partida de Pôquer EU havia acendido um e perco as pernas da cintura mas não o cigarro da boca!) acendi o pavio e arremessei contra os adversários! Ouvi o CRASH da garrafa quebrando, bem na cabeça de um, que saiu pegando fogo! mais dois "machos" pularam pela janela corridos...
Aprveitei o incêndio pra carregar minha Colt Dragão e, eis que no momento em que faço isso, meio deitado, surge sobre mim mais um rapagote da quadrilha! Nem sei como um panaca daquele brandia uma arma... Não tive duvidas e, STOC!, antes dele dizer ou fazer qualquer coisa, o salto de ferro da minha bota já havia se alojado no culhões do rapazinho, se é que ele tinha... Vi sua cara de tristeza quando isso aconteceu, mas foi a ultima cara que ele fez, pois BANG, um tiro bam no queixo, arrancando fora o maxilar!
Tomei mais coragem e levantei me do balcão, arriscando um bocado, pela proteção do fogo e BANG, acertei a ponta do Charuto do Pianista do Saloon... Tá certo que foi a ponta que estava dentro da boca dele! Bolas, EU sei que não se atira num homem pelas costas, mas juro que ele se virou só na hora que atirei... e também, a música era péssima e o que ele tinha que estar tocando em meio a um tiroteio?! Subi no balcão com minha Colt em punho e mais a arma do rapagote, já que ele nunca mais iria usá-la (e nem comer nada) e BANG, BANG, alvejei mais dois inimigos no peito!
Faltavam poucos agora! Atirei em Bafo de Lagarto, só pra parar de gritar falando de sua perna! Que sujeito egoísta! Um um monte de gente morta que nem reclamava e ele, ainda vivo, só pensava no joelho dele... BANG, BANG, BANG, mais meia dúzia de tiros e tudo estava mais calmo... A dançarina do Saloon veio em minha direção, sorrindo com aqueles olhos de malicia, como uma maldita serpente com uma maçã na boca... Foi chegando perto e... e.. BANG!
Como só fui perceber que era um Travesti tarde demais... Devia ter olhado no gogó e não nos olhos... Agora ela(e) assoprava o cano da sua mini pistola, que, macacos me mordam, ele(a) amarrava num coldre, abaixo da saia, naquela perna peluda... EU merecia mesmo esse tiro... Sentia um calor intenso na bexiga... Sentia minhas calças ficando úmidas... Leveia mão onde fora alvejado pra sentir meu sangue!

Ué?! Engraçado... Não tinha côr de sangue! Levei ao nariz... Nem cheiro de sangue! Pra bem da verdade, nem mais doía e...

Acordei assustado com minha Mãe ao lado gritando:

-- Guri maldito, mijou de novo na cama! Vou te amarrar o colchão nas costas e fazer tu desfilar na rua!...


...





Humor: Ficando doente, mas ainda assim, tô tri alegre!



Ouvindo: Matanza - Todo Ódio da Vingança de Jack Bufalo Head!